top of page

Celebração Duekhor Duchen 2025: Uma Reflexão sobre os Ensinamentos Budistas e a Comunidade


Vea el ritual aquí


Em 12 de maio de 2025, um grupo diversificado de praticantes budistas se reuniu virtualmente para comemorar o Duekhor Duchen, um feriado significativo no calendário budista. Liderada por Lama Fede Andino, a celebração foi tanto um reconhecimento solene dos ensinamentos do Kalachakra Tantra quanto uma homenagem sincera a Gustavo Porro, um irmão do Dharma que faleceu neste dia sagrado. A transcrição desta reunião revela uma rica coleção de ensinamentos, meditações e reflexões que ressaltam a essência da prática budista: compaixão, comunidade e dedicação de mérito para a libertação de todos os seres.


A importância do Duekhor Duchen


Duekhor Duchen, diferentemente do Vesak mais amplamente reconhecido, comemora os ensinamentos do Tantra Kalachakra, ou a "Roda do Tempo", transmitidos pelo Buda Shakyamuni a pedido do Rei Suchandra de Shambhala. Lama Fede explicou que esse tantra surgiu durante um período crítico em que o budismo enfrentava sérias ameaças existenciais na Índia e na Ásia Central devido a invasões e competição de outras tradições espirituais. O Kalachakra Tantra, descrito como o "último grande tantra", foi criado para garantir a sobrevivência e o florescimento do Dharma em tempos difíceis. Ele incorpora elementos não convencionais para um texto budista, como astrologia, astronomia e imagens vívidas, tornando-se uma prática única e poderosa.


Lama Fede enfatizou a importância do festival, observando que o mérito gerado pelas práticas do Duekhor Duchen é multiplicado milhões de vezes. Isso faz com que seja uma ocasião ideal para purificação, fortalecimento e dedicação de mérito aos necessitados, especialmente aqueles que sofrem nos reinos inferiores. A celebração também tem um significado futurista, pois está profetizado que em 2422, os exércitos de Shambhala inaugurarão uma nova era de ensinamentos budistas. Embora Lama Fede tenha alertado contra a interpretação literal desta profecia, ele enfatizou seu papel simbólico como um lembrete da relevância duradoura dos ensinamentos de Kalachakra.


Uma homenagem pessoal e comunitária


A celebração do Duekhor Duchen 2025 foi imbuída de significado pessoal devido ao falecimento de Gustavo Porro, um membro querido da comunidade Dharma. Lama Fede compartilhou que a morte de Gustavo neste dia sagrado foi uma coincidência pungente e significativa, refletindo a crença budista na boa sorte de falecer em momentos sagrados. Ele encorajou os presentes a dedicarem seus méritos a Gustavo, rezando por seu rápido renascimento em uma terra pura. Este ato de dedicação comunitária enfatizou o princípio budista de interconexão, onde a prática individual beneficia o coletivo.


O encontro começou com um momento de reflexão sobre as contribuições de Gustavo, seguido de um apelo para focar as práticas do dia no benefício de todos os seres, especialmente os necessitados. Os ensinamentos de Lama Fede enfatizam que o Duekhor Duchen não é apenas um dia para crescimento espiritual pessoal, mas um momento para cultivar compaixão e generosidade em escala universal.


Kalachakra Tantra e Shambala


Um tema central da celebração foi o Kalachakra Tantra e sua associação com Shambhala, um reino mítico que é tanto físico quanto espiritual. Lama Fede descreveu Shambala como um estado de espírito, uma consciência coletiva onde os praticantes trabalham juntos pela libertação. Ao contrário de outras práticas budistas que enfatizam a introspecção direta, acessar Shambhala requer uma abordagem oblíqua: observar os "espaços entre os espaços" da mente. Este conceito, extraído de textos como o Sutra de Lótus, sugere que Shambhala existe nos momentos liminares e intersticiais da consciência.


Lama Fede abordou equívocos comuns sobre Shambhala, particularmente a ideia de que é um local físico na Ásia Central, popularizada por figuras como Nicholas Roerich. Embora certos lugares, como as montanhas remotas da Patagônia ou o Vale do Swat, possam facilitar experiências espirituais devido às suas fronteiras mais sutis entre os mundos material e espiritual, Shambhala é, em última análise, acessível de qualquer lugar. Essa acessibilidade reforça a inclusão da prática budista, onde devoção e intenção podem levar a profundas percepções espirituais, independentemente da geografia.


A prática: meditação, mantra e mérito


A celebração incluiu uma prática guiada que incorporou o espírito do Duekhor Duchen. Os participantes começaram refugiando-se no Buda, no Dharma e na Sangha, gerando bodhicitta (a aspiração de atingir a iluminação para o benefício de todos os seres) e meditando para acalmar suas mentes. O grupo então começou a ler o Dhāraṇī do Tathāgata Jñānolka, um texto escolhido por seu poder purificador e significado astrológico. Este dhāraṇī, explicou Lama Fede, é tradicionalmente usado para libertar seres presos nos reinos inferiores, como aqueles que cometeram atos sérios ou abandonaram o Dharma. Ao recitá-lo três vezes ao dia durante 21 dias, os praticantes podem abrir os "cem portões do grande inferno de Avici", facilitando a libertação dos seres sofredores.


O grupo também cantou um mantra 27 vezes, visualizando o sol e a lua como os olhos dos Budas e bodhisattvas, cuja luz prateada e dourada envolvia e fortalecia todos os seres. Essa visualização, observou Lama Fede, serve como um escudo protetor e fonte de energia espiritual, conectando os praticantes ao objetivo coletivo de alcançar Shambhala.

A prática era concluída com uma dedicação ao mérito, a pedra angular da prática budista. Lama Fede lembrou apaixonadamente aos participantes que o budismo não visa benefício pessoal, mas sim o benefício de todos os seres. Ao compartilhar seus méritos — passados, presentes e futuros — os praticantes se alinham com o ideal do bodhisattva, exemplificado por figuras como Samantabhadra. A dedicatória foi especialmente dirigida a Gustavo Porro, com orações por seu rápido renascimento, e estendida a todos os seres que anseiam pela libertação.


Reflexões sobre comunidade e impermanência


Durante a celebração, Lama Fede enfatizou a importância da comunidade, inspirando-se no exemplo histórico da iluminação de Buda. Após atingir a iluminação, Buda inicialmente hesitou em ensinar, temendo que seu entendimento fosse profundo demais para ser expresso em palavras. Entretanto, a pedido de Sakra, ele decidiu compartilhar o Dharma, começando com os cinco ascetas que se tornaram os primeiros membros da Sangha. Este evento marcou o nascimento da comunidade budista, um legado que continua em reuniões como a celebração Duekhor Duchen.


Lama Fede também abordou a tendência humana de se apegar a si mesmo, incentivando os praticantes a aceitar a impermanência. Ele observou com humor que até mesmo nossos restos mortais eventualmente serão "urinados por animais", um lembrete claro para abandonarmos o apego ao ego. Ao renunciar a posses, ideias e méritos, os praticantes podem cultivar a abertura necessária para a verdadeira libertação.


Orientação prática para a prática contínua

Para manter o espírito do Duekhor Duchen, Lama Fede ofereceu conselhos práticos para prática contínua. Ele recomendou realizar o Dhāraṇī do Tathāgata Jñānolka mensalmente, idealmente na lua nova, para purificar o carma negativo e aumentar o crescimento espiritual. Montar um altar com imagens dos quatro Budas, dos quatro bodhisattvas, do sol e da lua, juntamente com oferendas como incenso de sândalo, pode enriquecer a prática. Para aqueles que buscam uma abordagem mais simples, cantar o mantra como uma bênção geral é igualmente eficaz, especialmente em feriados, quando seu poder é amplificado.


Lama Fede também anunciou próximos ensinamentos, incluindo uma sessão sobre Jambhala, a divindade da generosidade, e uma prática de atenção plena para praticantes de língua espanhola. Essas oportunidades refletem o compromisso contínuo de promover uma comunidade budista global.

Conclusão


A celebração do Duekhor Duchen, em 12 de maio de 2025, foi uma profunda mistura de reverência, reflexão e prática. Ele honrou os ensinamentos duradouros do Kalachakra Tantra, prestou homenagem a um falecido irmão do Dharma, Gustavo Porro, e reafirmou a importância da comunidade e da compaixão na prática budista. Por meio da meditação, recitação de mantras e dedicação ao mérito, os participantes se conectaram com a aspiração eterna de libertar todos os seres e alcançar Shambhala, um estado de despertar coletivo. Como Lama Fede lembrou ao grupo, o budismo não se trata de ganho pessoal, mas de dar tudo pelo bem dos outros. Nesse espírito, a celebração serviu como um poderoso lembrete do caminho para a iluminação, um caminho percorrido juntos, com corações abertos e dedicação altruísta.

 
 
 

Comentarios


  • Facebook
  • Instagram
  • Youtube
  • Tumblr
  • Spotify

© 2023 por TRC

bottom of page